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sábado, 28 de março de 2020

Covid-19: uma pandemia esperada (mas o pior ainda está por vir)

Completamos a primeira semana da quarentena contra a Covid-19, a pandemia deflagrada em 31 de dezembro de 2019.

Trinta mil mortos até agora no mundo. Mais de 600.000 infectados e aumentando. Isto não me é nenhuma surpresa. Não estou surpreso por nenhum destes acontecimentos. E ainda estamos na pontinha do iceberg do que está por vir, infelizmente.

A culpa não é do virus SARS-CoV-2. Não seria necessário nenhum Nostradamus para se prever que, mais cedo ou mais tarde, uma pandemia assolaria nosso velho regime globalizado, nossa modernidade líquida, nossas crenças em ficções caducas, nosso sistema de produção em massa e distribuição 1 para 99.

A culpa é da própria humanidade. Nós não estamos nos tornando mais doentes agora com a pandemia. Nós já estávamos todos doentes. Nós nos tornamos doentes. Por que assim o quisemos. Por que assim decidimos. Conquista após conquista. Contrato após contrato. Guerra após guerra. Vida após vida.

O que estamos vivendo agora é uma parcela bem pequena do preço que estamos devendo, e a dívida é bem alta. Toneladas de carbono lançadas ano após ano na atmosfera, desperdício de alimentos, de recursos, fome, lixo por toda parte, organismos desnutridos, doenças não tratadas, ignorância, morte.

E ainda tem gente que não acredita que não somos responsáveis pelo aquecimento global. Ou que afirma categoricamente que nosso planeta é uma grande pizza. E assim caminha a humanidade.. Ou melhor, corre... para o abismo logo adiante.

O que ainda está por vir será muito pior. Pode ser ainda este ano. Ano que vem. Em 2029. Ou no final do século. Ou no próximo... Não importa. O que importa é que não é preciso nenhum gênio para nos dizer que estamos caminhando a passos largos para o apocalipse, o fim da história, o colapso derradeiro da civilização humana.

Vivemos uma vida insana, sem controle, sem planejamento, sem sentido, sem vida. Vivemos e mantemos um sistema absurdo e falido. Tudo isto para sustentar nosso oportunismo. Nossas vidinhas cômodas e egoístas.

E a maioria nem percebe nada disso. A maioria não enxerga um palmo adiante de si, e quando a crise chega entra em desespero, ainda que íntimo.

Por quê te surpreendes? O ser humano é tão estúpido que uma simples chuva pode provocar uma catástrofe, literalmente falando. Ainda precisamos de guarda-chuva para não nos molharmos. Já reparou o quanto isto é ridículo e sintomático de nosso despreparo em relação à natureza? Ainda somos 100% dependentes do clima para nossas plantações. Utilizamos combustíveis fósseis para nos locomover - inclusive pelo ar. Morremos de acidentes de trânsito. Dependemos de álcool ou outras drogas para nos sentirmos bem. Somos assassinados. Ainda morremos de tuberculose ou de gripe. Nós nos matamos, literal ou metaforicamente.

Nós não planejamos nossa sociedade. Tudo é incerto e caótico. Tudo é para hoje, nada para amanhã.

Na verdade é isso que devemos esperar, não importa o quanto relutemos: tsunamis, terremotos, bolas de fogo caindo do céu, pragas, pandemias, virus, bactérias, radiação, inundações, saques, desemprego, fome, mortes, população em pânico, assassinatos, violência sem controle.

As ameças de um futuro próximo e incerto pode vir de fora ou de dentro. É só uma questão de tempo. Mas vai acontecer. Em breve.